Lee Flores Negras
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
quarta-feira, 24 de junho de 2015
EEEM Silva Gama na Feira de Cultura Discutindo sobre sobre Racismo, Discriminação e Preconceito - - Dia 20/06/2015 - Oficina de bonecas Abayomi: Os nós que unem João Cândido Felisberto, o Almirante Negro e as Abayomi. No mês de junho é costume, aqui no Brasil, as comemorações das Festas Juninas.; poucos lembram que o Almirante negro nasceu em junho, é gaúcho e que foi um dos tantos heróis da história negra a lutar contra o preconceito, o racismo e os maus tratos dentro da Marinha Brasileira.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
XIV Acampamento de Cultura Afro da Região Sul
Este evento vem se solidificando há muitos anos sob a coordenação e dedicação de Vera Duarte.
Culturas e saberes aprendidos durante o evento:
Não compreendendo o motivo pelo qual a sucuri fazia aquilo foi pedir conselho ao sábio da aldeia ( o pajé).
"Cuido bem da sucuri mas ela sempre se estica ao meu lado", disse ao pajé.
Este com a calma e a paciência de quem viveu muito lhe respondeu:
"Ela está te medindo, ela vai te comer!"
"Cuido bem da sucuri mas ela sempre se estica ao meu lado", disse ao pajé.
Este com a calma e a paciência de quem viveu muito lhe respondeu:
"Ela está te medindo, ela vai te comer!"
(contada por Onir Araujo - Movimento Negro Unificado - MNU)
Chegando em São Lourenço
Vera Duarte
Jorge Cruz, Mestre Prudêncio, Mestre Pernanbuco
Professora de Português Irlanda Projeto Face de Ébano
A linda professora de dança Raquel
Turma das Danças Étnicas - FURG Raquel e eu com nossas "saias ao vento"
Apresentação de Coral
sexta-feira, 17 de abril de 2015
domingo, 5 de abril de 2015
Saias ao vento
Que "saias ao vento" e nesse rodopio voluptuoso te sintas abraçada por Iansã com toda a sua realeza!
E nessa dança de invisível circularidade que Ela seja a senhora dos teus caminhos...e por que não dos descaminhos?
Que sintas a corrida do vento num envolvente esconde-esconde com as copas das árvores, certo de que será, sempre, o vencedor!
Que este búfalo que por vezes te açoita e perfuma o universo com tua energia, seja a bússola que redireciona tua caminhada.
Acaso Matisse presenciasse esta cena, um conselho certamente a ti daria: sê feliz simplesmente!
Aula inaugural UNIAFRO - HOTEL EMBAIXADOR - PORTO ALEGRE
Palestra proferida pelo prof. Dr. em Filosofia USP Kabengele Munanga em 26/07/14.
"A diversidade e suas diferenças fornecem a matéria- prima utilizada nos processos de construção de todas as identidades individuais e coletivas. Essa matéria-prima está na geografia dos corpos das pessoas e sociedades, em suas histórias, em suas culturas, incluindo as línguas e seus traços psicológicos ou comportamentos coletivos."
"O
conhecimento antropológico da “nossa cultura” passa inelutavelmente pelo
conhecimento das “outras” culturas e conduz a reconhecer notadamente que somos
apenas uma cultura possível no meio de tantas outras e não a única. Apesar do
estranhamento da diferença na percepção do outro nos contatos humanos, o
“outro” deve ser considerado como contemporâneo e igual sem degradação da
diferença em desigualdade. Mas não é isto que acontece nos cotidianos das
relações entre seres e sociedades humanas. Mas por que?
•"A
essas diferenças naturais inatas que fazem de nós, brancos, negros, amarelos;
homens, mulheres, jovens, velhos, se acrescentam outras diferenças de ordem
cultural e socioeconômica. Pertencemos todos às sociedades humanas que criaram
e desenvolveram culturas. Cada sociedade tem a sua herança própria, a sua
cultura. Isto é, a totalidade de maneiras de viver, de trabalhar, de pensar e a
totalidade daquilo que resulta dessas atividades (instituições, educação,
filosofia, organização social, religião, etc). Cada sociedade criou uma cultura
e cada cultura repousa numa sociedade. Daí o sentido da universalidade da
cultura. Pertencemos também às sociedades que política e economicamente criaram
classes sociais: ricos, médios, pobres e miseráveis."
"Classificação
hoje abandonada pelos próprios cientistas que chegaram à conclusão de que
“biológica e cientificamente, as raças não existem”. No entanto, o abandono
científico dessa classificação não significa que ela deixou de resistir no
imaginário e na consciência coletivos da sociedade do século XXI e nem,
tampouco, significa que o racismo enquanto ideologia e crença derivadas do conceito
de raça deixou de existir e de criar vítimas nas sociedades humanas do século
XXI."
"As
diferenças biológicas, que fazem com que sejamos homens e mulheres; brancos,
negros e amarelos; jovens e velhos, etc. São inatas. Ninguém escolheu pais
brancos, negros ou amarelos, antes de nascer; ninguém escolheu para ser homem
ou mulher; ninguém pode escolher para permanecer eternamente jovens ou para não
envelhecer. Todo começa com o “mistério” da procriação. Naturalmente, dois
indivíduos de sexos diferentes: o pai e a mãe, se associam para formar um
terceiro indivíduo: a criança. Este recebeu para nascer a metade da coleção dos
“genes” do pai e da mãe.
"O conceito de raça, que teria servido na explicação científica
dessa variabilidade, desembocou, infelizmente, numa classificação
hierarquizante das chamadas raças em superiores e inferiores, de acordo com as
diferenças de pele e outros traços morfológicos. Os cientistas estabeleceram relações
intrínsecas entre raças e culturas, raças e inteligência; raças e qualidades
morais e psicológicas; raças e características estéticas. Assim, as pessoas de
pele mais clara que pertencem à raça dita branca foram decretadas mais
inteligentes, mais honestas, mais bonitas, mais habilitadas para dirigir e
mandar; enfim, para dominar."
"No campo da
religiosidade, a história da humanidade é repleta de conflitos e guerras por
conta das diferenças entre os caminhos para se comunicar com Deus. Conhecemos
todas as histórias das guerras santas ou jihad, das cruzadas, das inquisições
na península ibérica. Sabemos dos conflitos entre protestantes e católicos na
Irlanda do Norte; dos conflitos entre muçulmanos e católicos na Nigéria e
outras partes do mundo, etc. Se Deus é o mesmo para todos, os caminhos para
chegar a ele é que são diferentes, mas por que os caminhos se conflitam?
Justamente por que os caminhos são impregnados de intenções e interesses
políticos e econômicos."
"Não
creio que Deus mandou aos homens e mulheres brigarem em nome Dele! As
ideologias fascistas e os nacionalismos nascentes, como o nazismo por exemplo,
se cobriram também da máscara científica das raças superiores e inferiores para
justificar e legitimar o holocausto de milhões de judeus e ciganos na segunda
guerra mundial."
"(…) muitas
vezes, por preconceitos recebidos em alguns modelos de educação, faz-se um
julgamento generalizado dos outros, classificando-os em uma escala de valores,
não em função das qualidades ou dos defeitos que eles manifestam (cada um de
nós tem qualidades e defeitos), mas em função do grupo ao qual pertencem. Ele é
negro, logo é...: é índio, logo é...: é judeu ou árabe, logo é...: é mulher,
logo é,,, Este tipo de julgamento é justificado? Não! Para que o fosse, seria
necessário que essas pessoas pudessem ser classificadas em grupos mais ou menos
homogêneos, isto é, não hierarquizados. Seria necessário, em seguida que as
qualidades e os defeitos (coragem, covardia, inteligência, estupidez, lealdade,
desonestidade) pudessem ser atribuídas a todas as “raças”, sociedades, homens e
mulheres.
A própria
ciência que teorizou e hierarquizou as chamadas raças, chegou à conclusão, a
partir da segunda metade do século XX, de que as raças não existem. Mais do que
isso, não há relação entre raças e inteligência. No entanto, os preconceitos
são universais e existem em todas as culturas e sociedades humanas. A questão
se coloca quando eles são transformados em armas ideológicas para justificar a
violência, a dominação, a exploração e a exclusão dos outros. A maioria dos
grupos humanos usou da força para fazer triunfar suas ideias ou para adquirir
rapidamente novas riquezas. As nações fizeram a guerra para se desembaraçar de
um vizinho incômodo, ameaçador ou mais rico. Hoje, as armas de destruição, além
de ser fontes de riquezas, são tão eficazes que uma guerra entre grandes
potências destruiria a Humanidade."
"As diferenças
constituem uma fonte insubstituível de enriquecimento; a própria sobrevivência
da humanidade está nas diferenças e na diversidade delas resultante. Um outro
caminho existe. Ele consiste em considerar com calma cada conflito. Descobre-se
que o desentendimento pode ser fonte de enriquecimento. Uma opinião diversa da
minha, um modo de se comportar oposto ao meu, obriga-me a refletir. Eu me
questiono, o que enriquece minha maneira de ver, de pensar e de agir. Enfim, o
outro me faz progredir e me ajuda na construção da minha personalidade. Não se
trata de aceitar, sem refletir, os modismos ou de ser um cata-vento girando aos
quatro ventos. Trata-se somente de se abrir ao mundo exterior, de ficar atento
aos outros; ou seja, se estar pronto a compreender, reagir e construir. O
racismo somente será vencido quando nós soubermos dizer ao outro “muito
obrigado”, tanto maior quando maiores entre nós."
"Algumas
nações se consideram superiores às outras porque existem essas outras. O que
seria a humanidade de fôssemos todos a mesma coisa: uma grande pobreza! Um ato
humano pode ser considerado como uma discriminação só quando os três momentos
seguintes são simultaneamente consumados: a percepção da diferença, a
valorização da diferença percebida e sua utilização em favor de si ou do
próprio grupo e em detrimento do outro ou do seu grupo."
"(...)o que nós
brasileiras e brasileiros temos a ver com este triste quadro? Não somos
preconceituosos, nem racistas. Os racistas são ou foram os outros: os brancos
da África do Sul que inventaram o apartheid, regime segregacionista que o povo
da África do Sul na liderança do saudoso Nelson Mandela conseguiu derrotar. Os
racistas são os brancos do Sul dos Estados Unidos que desenvolveram outro
sistema de segregação racial denominado “Jim Crow”. Quantos vezes escutamos alguns responsáveis de
escolas e professores dizendo que em suas escolas não tem esse problema, ou
seja, não tem preconceito e práticas racistas entre alunos com base na
diferença cor da pele. Aqui está a peculiaridade do preconceito e do racismo à
brasileira que alguns mais generosos chamaram de preconceito cordial. Um preconceito racial mais difícil de
combater do que lá onde foi explícito e sustentado pelas leis. Como se
manifesta então esse nosso preconceito que o grande sociólogo Florestan
Fernandes chamou de “preconceito de ter preconceito”?
Perguntado
para as mesmas pessoas se elas não se importariam que suas filhas casassem com
uma pessoa negra, as respostas revelaram contradições até entre as pessoas que
declararam não ser racistas, na medida em que não viam com bons olhos o
casamento inter-racial entre pessoas brancas e negras. Essas pessoas mostraram
preocupação em ter netos/as mestiço/as que sofrerão também preconceito racial
na sociedade e reprovaram o casamento inter-racial, deixando clara a
ambiguidade que permeia a apologia da mestiçagem como símbolo da identidade
nacional brasileira."
"Em
casa de enforcado não se fala de corda, é um dos princípios da educação
brasileira. Quando se fala de negro entre branco e negro, o branco prefere
dizer “aquele moreno” ou “aquela moreninha”, mas em contexto de conflito aquele
moreno ou aquela moreninha se tornam apenas neguinho ou neguinha metido/a.
Geralmente, num campo de pelada de futebol, o jogador negro é o único que não
tem nome próprio, pois apelidado simplesmente “negrão”. Diz-se que é carinhoso,
mas eu nunca escutei a reciprocidade, ou seja, o jogador negro chamando outro,
branco, de “brancão”."
"Quando
se fala da beleza feminina, diz-se “uma mulher linda” quando se refere a uma
mulher branca e quando se trata de mulher negra, diz-se uma “mulher negra
linda”. Vice-versa, diz-se a mesma coisa a respeito da beleza masculina:
“fulano é um homem lindo”, quando se refere a um homem branco e “fulano é um
negro lindo”, quando se trata do homem negro, como para insinuar que a beleza
negra é uma exceção que precisa adjetivar, enquanto que a beleza branca é uma
regra geral que dispensa adjetivação."
"O silêncio, o
não dito, é outra característica do racismo à brasileira. Como disse Ali
Wiesel, judeu Nobel da Paz, “o carrasco mata sempre duas vezes, a segunda pelo
silêncio”. É neste sentido que eu sempre considerei o racismo brasileiro “um
crime perfeito”, pois além de matar de verdade, fisicamente, ele mata pelo
silêncio a consciência tanto das vítimas como da sociedade como um todo, dos
brancos e negros. Sem dúvida, todos os racismos são abomináveis, pois cada um a
seu modo faz vítimas. O “brasileiro” não é o pior, nem o menor,
comparativamente aos outros, mas a dinâmica e as consequências são diferentes."
"Resumiria o
racismo brasileiro como um racismo difuso, sutil, evasivo, camuflado, silenciado
em suas expressões e manifestações, porém eficiente em seus objetivos. Algumas
pessoas vão até pensar que é o racismo o mais sofisticado e o mais inteligente,
comparativamente aos outros. Quando se põe a questão de saber como lutar contra
as práticas racistas no Brasil, ou seja, como diminuir as desigualdades de
oportunidades entre brancos e negros em matéria de acesso à educação superior
de boa qualidade, ao emprego e cargos de comando e responsabilidade onde estes
últimos são sub-representados, esbarra-se nas mesmas ambiguidades, pois tais
desigualdades não são definidas por muitos em termos racistas."
"Todos
os preconceitos e as ideologias deles resultantes têm a diferença como
matéria-prima: diferença de sexo ou de gênero, desemboca no machismo; diferença
de nacionalidade em nacionalismo; diferença de etnia em etnicismo; diferença de
vida sexual entre as pessoas do mesmo sexo em homofobismo, etc., e todos se
transformam em justificação e legitimação da exclusão e da desigualdade entre
seres e grupos. Como fazer para lutar contra esses “ismos” e suas
consequências?"
"Todos os países
conscientes que querem mudar trilham três caminhos complementares: o
legislativo, o político e o educativo. O legislativo consiste em promover leis
que reprimem e punem os atos discriminatórios baseados nas diferenças. O
princípio da igualdade perante a lei em si não é suficiente. Por isso, qualquer
ato de discriminação comprovado é, na Constituição brasileira, um crime
inafiançável e sujeito à reclusão. É neste contexto que se coloca a Lei Maria
da Penha e outras leis repressoras que tem a diferença como matéria-prima. O
político consiste em implementar estratégias e políticas de promoção da
igualdade dos discriminados, visando sua inclusão e a redução das
desigualdades."
"(...)quantas
vezes a gente escuta esta frase que se tornou um lugar comum: por que ensinar a
história do negro e do índio num país mestiço? Por que não ensinar somente a
história do Brasil que é a história de todos os brasileiros? Não seria criar um
racismo ao contrário ao ensinar essas outras histórias num país mestiço?
Desafiaria as pessoas que defendem este ponto de vista a encontrar no modelo de
educação brasileira, as referências mestiças. Mesmo na hipótese de que “somos
todos mestiços”, pois a “pureza” é um outro mito, nossa mestiçagem não caiu do
céu. Suas origens precisam ser inventariadas, analisadas e ensinadas no
processo de formação da cidadania brasileira. Essas raízes não são somente
europeias. São também indígenas, africanas, asiáticas, ciganas, etc. Todas
contribuíram de uma maneira ou de outra no processo de formação e construção do
povo e da nação brasileira."
"Em alguns momentos da vida da sociedade, vocês
poderão ser interpelados pela sociedade para dar seu ponto de vista enquanto
estudiosos ou especialistas. Neste caso a neutralidade científica não existe,
vocês não deveriam se omitir nem ficar em cima do muro como vi alguns se
comportar durante o debate sobre cotas e políticas afirmativas. Ao dar nosso
ponto de vista, não esqueçamos que somos cidadãs e cidadãos perpassados por
visões políticas e ideológicas, por filosofias e visões do mundo que certamente
influenciam nossas posições. Não caiam no maniqueísmo do Bem e do Mal
imbuindo-se da autoridade acadêmico-intelectual sem considerar a demanda e o
ponto de vista dos membros da comunidade que estudam."
“Um
belo dia, uma jovem toupeira acorda gritando: mãe, mãe, estou enxergando! A
mãe, assustada lhe responde, que maravilha, minha filha. Mas vamos testar se
você está mesmo enxergando de verdade. Ela colocou na frente dela um pedaço de
incenso e lhe perguntou que objeto era. A filha lhe respondeu que era uma
pedra. A mãe profundamente chocada lhe disse, minha filha, você não é somente
cega, pois além da cegueira, também perdeu o olfato, faculdade mais natural que
guia nossa vida e sobrevivência embaixo da terra”.
"Moral
da história: há pessoas tão presas aos preconceitos que não conseguem enxergar
a riqueza da diversidade humana e cultural. Mais do que isso, essas pessoas vão
até perder algumas faculdades inatas como o olfato, a audição, o tato e outras
sensibilidades instintivas que passam por nossa intuição. Essas pessoas vivem relações humanas empobrecidas,
pois jamais terão o prazer de gozar dos benefícios da diversidade humana que constitui
nossa riqueza coletiva e nossa sobrevivência enquanto espécie."
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